sábado, 26 de setembro de 2009

CRÔNICAS DE UM CHINELO BRANCO

O vi pela primeira vez, entre vários outros de várias cores, o amei foi amor a primeira vista daquele tipo que os olhares se cruzam e não se desgrudam mais.

Nunca o vi como o vejo hoje, deixou de ser branco, sempre o cuidei com todo o carinho como cuido dos outros não brancos.

Chinelos são para mim sinônimos de liberdade, leveza, paz, e elegância o meu chinelo branco reclama, experiência à condição da morte.

O meu chinelo branco é o primeiro a me dizer e mostrar, que na terra da maninha de grandeza a morte do verde é condição sine qua non para a maninha de grandeza.

O meu chinelo branco está morrendo, simplesmente, por que o lavo de forma exagerada. Não porque tenho maninha de limpeza, ele reclama pela morte, morte do verde.

Mostra-me que em certo tempo havia uma vida, uma vida em tons de verde.

O meu chinelo branco na terra da maninha de grandeza reclama pela morte do verde. Morte de representa em si a morte societal, morte dos nacionais que deixaram de ser solidário.

Nacionais da maninha de grandeza que, porém pobres e mortos sociáveis, o meu chinelo branco mostra que o verde morreu e o vermelho fruto da morte do verde impera impune.

O meu chinelo branco mostra que apesar da morte do verde, a maninha de grandeza prossegue. Construções megalomaníacas é a norma. Na terra da maninha de grandeza ter as maiores coisas construções de África é a maior expressão.

Na terra da maninha de grandeza, ter a melhor educação, a maior sociedade africana menos corrupta e solidaria, é para os outros afinal são diferentes dos demais africanos. Não são tribalistas e desprovidos de conflitos de caráter étnico-racial.

O meu chinelo branco reclama por não poder voltar pra casa e dormir sem ser lavado. Hum, isso se os responsáveis pelo verde e vida na terra da maninha de grandeza de antemão não tirarem a luz e água.

O meu chinelo branco morre como morre o verde. O meu chinelo branco transpassa a linha da cor. O meu chinelo branco é hoje não sei de que cor exatamente.

Porém a morte é certa e sei que terá a cor da morte na terra da maninha de grandeza. O vermelho da terra morta e infértil.

O meu chinelo branco me mostrou a morte, porém ele reluta em morrer e aceitar, no silêncio e bom grado os responsáveis pela verde e vida.

Luanda aos, 23 de Setembro de 2009.

Por Nkuwu-a-Ntynu Mbuta Zawua

Um comentário:

  1. A verdade não se esconde em palavras sofisticadas, ela esta ao alcanse até do recém-nascido, seus lábios estão abertos para as mentes abertas e corações sensíveis, ela é mesma para quem vê e para quem não pode enxergar.

    Deus abençoe cada vez mais a tua mente irmão amado.


    paz e amor

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